À volta do campo
Na verdade, a percepção do basquet de rua é mais inspiradora que qualquer leitura dos clássicos. E mais apurada, com personagens melhor definidas e demandas ulteriormente heróicas. Será menos tangível mas também não precisa de acentuação na 6ª e 10ª sílabas.
Vem ao caso esse grande soneto (Step Into the Realm), publicado na revista SLAM aqui há uns anos, sobre a vida de Bryant "Sad Eye" Watson . Depois de passar anos a dominar os playgrounds (campos de basquet) de Philadelphia, "Sad Eye" desiste. A dificuldade de sempre na interpretação de "quits" (entre desistência e abandono, sempre para além do último).
Começa assim: "You know the drill. The routine has been spat, embelished and passed down for years, through small towns and cities alike. Wherever there's a park with a hoop, you'll find the asphalt stories, the playground myths, ethereal tales of that one local boller(...)"
Em suma, o artigo retrata a epopeia de alguém de Filadelfia com a alcunha de Sad Eye com muito jeito para a arte do basquet. Tanto talento que foi proposto para todas as ligas profissionais e demais desígnios, metodicamente trocados pelo ideal do jogo na rua. Chega a ser comovente a obstinação e irredutibilidade de Sad Eye. Um dos maiores versos é "I'm just anti-social", dissimulando, inventando a explicação para a ausência e desrespeito pelas lógicas diferentes das regras do seu playground. O final é épico, condensando a mais absoluta clarividência "Parenting ain't as easy as basketball. Basketball, after the game, that's it (...) this [parenting] is all day, all night. And it just gets harder and harder... but I mean, I look forward to it. I wouldn't change it for the world".
E a conclusão com o aforismo "So don't think a player has to die, hit skid row or become a prisoner of his own regret to become a certified playground legend"