anotações de uma cultura acelerada

Artur Shamrock e Lucinda Sans-Script (1)

Depois do almoço, Shamrock verificou que tinha um mail de Lucinda: encontramo-nos no Alba para jantar? podíamos ver os Gallon Drunk... Arquivou a informação enquanto retomava o trabalho. Talvez não lhe apetecesse ir ao concerto; ainda sentia o cansaço e o ruído da última saída. Preferia outras saídas... Os Gallon Drunk eram um caminho demasiado rápido para a bebedeira e suas metamorfoses. E as cefaleias do dia seguinte, junto com as regressões depressivas, eram sempre um risco a considerar. Estava farto de riscos- os atalhos do windows sempre seriam mais inofensivos para chegar ao core da cidade. Interrompeu o trabalho e escreveu: querida Lu, não me apetece nada. breakfast at tiffany's? Ela perceberia a intenção: jantar e televisão sobre mantas. Olhava para a expressão "não me apetece nada" e pensava no duplo sentido. O niilismo de reforçar o "não" com o "nada" (a sua intenção) e la folie roaring twenties de negar a existência do nada: como se alguma coisa estivesse sempre a acontecer. Carregou "send" e concentrou-se no trabalho, seguindo a mantra back to life back to reality.

Blog de Pedro Lago

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