anotações de uma cultura acelerada

O jugo

A Kirstin Hersch toca melhor guitarra que a Tanya Donelly. É um facto e extrai-se como um dente sem anestesia de um maldito serão a ver vídeos das Throwing Muses no You Tube.
O problema dos anos dois mil e tal é a memória colectiva. Vamos perdendo pedacinhos de identidade em cada página que abrimos. Esvai-se a noção de singularidade acalentada por anos de weird music e strange movies, ao sermos confrontados com milhares de pessoas iguais, pompeando as mesmíssimas referências. Rapidamente percebemos que os meus favoritos são os nossos favoritos e constatamos a cristalina inutilidade da demanda pela identidade. Quer dizer, até acabamos por chegar a algum lado, no fundo correu bem, se esquecermos a pré-formatação, o seguidismo e as opções em drop-down, que isto da sociedade é um fado gregário e a gente nem se apercebe. Também é da exposição, o novo jogo democrático, um big brother torcido e espremido, transfomado em big me and everyone else like me. A ideia de manipular pela confusão e manter vigilância por simples jugos de espelhos.

Blog de Pedro Lago

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