Shamrock (15)
Shamrock corria como se não existisseum dia seguinte. Era a subtileza na motivação, o encontro em si. Na verdade, sabia da ausência, do “no future”, mas encarava tudo muito resumidamente e com formas não muito explícitas, acreditando piamente no dia depois, respeitando as diversas apresentações da alvorada. Desejava seguir até à incompreensão total, em estrita observância pelas regras da atracção, na pista de atletismo do Regent’s Park, de manhazinha, revendo mentalmente a lista do supermercado.
”I’m with the band”, “I’m with the band”, gritavam do outer circle, misturando drama com as exclamações incompletas dos ornitólogos e o coro das Toutinegras-de-barrete, o sempre complexo binómio observação-ilação, a vida selvagem nos canaviais. Assim, enumerando artigos de higiene e serviços mínimos de cozinha, a correr, como uma aplicação de DOS, visualmente básico e entrecortando a respiração com o espaço por minuto. Lâminas, espuma, ciclos, pulso e acção. Também tinha um capuz negro que se desprendia da sweater com a fórmula “Just do It”, tingido de vermelho o poliéster texturizado, escorrendo e terminando numas sapatilhas brilhantes, concebidas para pisos rápidos de tartan, igualmente céleres em pistas de cinza. O desígnio, a integração plena nos rituais modernos e demais aspectos da moral, mixing novidades pastorais com as habituais encíclicas para os medos, esmoídas, dispersos em borboto.