anotações de uma cultura acelerada

O Mall

Sabe-se hoje que Baudelaire dedicou Les Fleurs du Mall às suas amigas e restantes conhecidos do centro comercial, ali na rua Le Regrattier, ile de Saint Louis. Os factos estão para além do simbolismo e de todos os eugrafemas enunciados no cânone de 1861, digamos, e vertem todo o tédio e melancolia baça para a cultura do Mall, concretizada quase cento e cinquenta anos depois, num dia de semana à tarde, entre as lojas de roupa e as redecorações de interior. Porque na verdade, o tempo abrigado não passa e todos os bens de consumo sitiados contra-atacam reagrupando num cerco de produtos, os dias da caça, a noite do caçador, tal e qual como nos é ensinado no canal história, quando mostram os diagramas e esquemas das guerras. É uma seca, o espírito e a metáfora, do estado à ingerência nas contas domésticas, do socialismo condescendente à vida no acto de digitar o código... Seguindo embalado por crédito, de comportamento reforçado pelo hábito.

Quand le ciel bas et lourd pèse comme un couvercle / Sur l'esprit gémissant en proie aux longs ennuis, / Et que de l'horizon embrassant tout le cercle / II nous verse un jour noir plus triste que les nuits.
Actualizado em 1995 na frase que promovia o filme Mallrats, nem sei a quem creditar isto, They're not there to shop. - They're not there to work. - They're just there.

nota: "the mall" é como os americanos tratam, carinhosamente, o centro comercial/shopping.

Blog de Pedro Lago

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