History Repeating 2
Como sabem, no futuro, a aferição ao céu e respectivo plano de candidatura passará por um exaustivo questionário sobre música rock. Escolhas múltiplas, esse género de coisas. Um dos capítulos mais exigentes é o "folk intelectual, ideias contemporâneas-formas tradicionais, a viola na mão tout court". Há duas ou três coisas que gostaria de dizer: Dave Van Ronk, Michael Hurley, e mesmo Woody Guthrie (Deus me perdoe) continuam a fazer sentido, mas não equivalem aos novos dias. Falta-lhes a ansiedade contemporânea, a velocidade e confusão sincronizada com máquinas e inteligências digitalizadas. There’s more to life do que o estabelecido em canções folk antigas, talvez not much more, mas evitar a progressão é fraqueza, debilidade. Há um legado, claro que há um legado, e uma colecção de discos e uma aprendizagem; mas também existe o tempo.
É tentador encerrar o assunto folk como o apartamento pronto, chave na mão, bora lá falar com o empreiteiro por causa da escritura, viveremos aqui os próximos 50 anos. É sobretudo cómodo restringi-lo a um universo de autores canonizados e afastar o sabor das Descobertas, como tirar as maçãs da fruteira, procurar onde sabemos que vamos encontrar - mas onde não nos vamos encontrar. Livrem-se de não ouvir discos novos.