anotações de uma cultura acelerada

Frases feitas

No Verão, o "efeito repelente" de algumas letras até dá jeito para ver se a gente se safa das melgas e outros males do ar livre. Outros produtos, como o dum-dum, umas máquinas de ultrasons ou uns dispositivos com pastilha que se ligam a uma tomada de electricidade são mais eficazes. Mas as lyrics do Mark Eitzel desenrascam em muitas situações. Quando me sento no alpendre (uma varanda de um quinto andar urbano), na minha cadeira de baloiço, carrego imediatamente no play para ecoar na noite o verso "wish the world away" (bem puxadinho, bien sur). Granjeio automaticamente a comiseração, piedade e impunidade (pena, porque não dizê-lo) de todo e qualquer insecto díptero que, por respeito, se abstém de entrar na minha casa. E independentemente da luz: posso ter milhares de watts de luminosidade na sala e as portas do alpendre escancaradas, que não entra nada para além de aragem. É bonita a natureza assim. Quando olho para os discos dos American Music Club e vejo o dístico "parental advisory" completamente sobreposto por autocolantes de cores garridas, lettering promocional, exclamando "the cure for the summertime blues!" (em letras capitais) fico comovido e feliz, mesmo nos dias em que julgo impossível a simbiose emocional.

Blog de Pedro Lago

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