Ulrich a
Há dias recebi um mail que assinalava o pormenor de isto ter perdido o interesse. Entre minudências e cumprimentos, aludia-se ao que bom que era, ao past-iche, etc. É quase certo que tão cedo não regressarei ao presente, remittere ad aeternu !, diante do mar - as ondas ®, mas hoje concedo-me ao mainstream e enfrento um dos mais palpitantes desígnios nacionais: a literatura, ela própria. 'O Jovem Torless' é vinha vindimada, pelo que centro a vossa atenção sobre o Homem Sem Virtude, Qualidades e Tradução, pressão alta e recuperação, jogar no limite da antecipação do Hype (esse sacana). Tudo isto a propósito de uma conversa com o senhor Ulrich, meu vizinho de rua, à saída do minimercado da misericórdia, na qual me dava conta da decisão de criar uma editora de livros. O objectivo do senhor Ulrich era demonstrar que uma casa livreira não estava, obrigatoriamente, destinada às grandes coisas da ribalta e sucesso. Com o habitual discuso incerto, a espaços miudinho, o senhor Ulrich lá ia dizendo que uma coisa dessas (uma editora) nem sempre era dinheiro no banco e, inclusivamente, podia dar prejuízo. A alturas tantas já enunciava as estratégias oblíquas a adoptar: "Os livros editados serão ostensivamente ignorados" - garantia o senhor Ulrich, representando a firmeza no todo da voz; "Os autores serão deliberadamente esquecidos" - etc, etc... propondo actos de selvajaria sobre a biografia dos citados. Os sacos de plástico seguros na mão já pesavam e começavam a garrotar a ponta dos dedos, mas não me despedi sem perguntar: "Senhor Ulrich, considera mesmo que uma editora em Portugal pode evitar o sucesso?"
A meio do texto (assinalado ®) está uma frase (provavelmente mal traduzida e longe do significado original) que corresponde ao nome de um blog - ante mare, undae