anotações de uma cultura acelerada

86

A tabela de basquete sobre a porta da garagem. Ou o mal menor. Ou a vivenda geminada.

Dizer que os limites do campo estabelecem-se pelo pesponto da idade é pouco para o meu desânimo (porque, efectivamente, já não consigo jogar). O título esteve para ser "um post sobre coisa nenhuma", corrigido para "um post a partir do zero", alterado para o "um post do nada", acabado em "86". Como o nível de flutuação da água no bojo de um barco (o Rakuyo): 60, 84, 86 e o 90 quase tão acima como o escovém da âncora*. Mais os cineplexs, o fenómeno metereológico da inversão de temperatura, a estupidez de não ter comprado o Horses da Patti Smith porque não me apetecia esperar na caixa registadora, a dispersão, tudo junto, num sábado à tarde solarengo, em que nem era para escrever um post, quando nem me apetecia emblogar.

Breve como a arte maior de dizer "vou ali incendiar uns carros, parece que assim resulta"**, ou a postalação (conjugando post e instalação), ou o tempo a decorrer constatando (acknowlodge myself, obrigado) que um dia as referências vão acabar. Um dia as referências vão acabar. Um dia as referências vão acabar - esgotado o assunto, restará a originalidade e não poderei escrever mais - e deixarei de retirar prazer da audição da Waterloo Sunset cantada pelo Elliott Smith ("dirty old river, must you keep rolling, flowing into the night / people so busy, make me feel dizzy"), serei forçado a admitir que o golf relaxa (especialmente a paisagem avistada do buraco 5) e, dividido entre o Evol e o Daydream Nation direi "daydream nation" (num cenário grotesco, pensarei "são a mesma coisa").

Bem, isto já é mais do que suficiente para a vaga na redação da Yale Review*** e outros dias virão com mais posts.

Índice de referências menos explícitas:

*citação de um livro

*citação de cor (as palavras podem não ser exactamente estas) de um blog

***outras publicações já estavam referenciadas pela blogosfera nacional

Blog de Pedro Lago

Contacto: blogimf@gmail.com