Artur Shamrock e Lucinda Sans-Script (4)
A conversa decorria entre "estamos sozinhos" e "maldita terra" não chegando a parte nenhuma. Regressava ao início como o vinho que volta para a garrafa, ainda pródigo, depois de todos os perdões e desculpas. E era tudo verdade, sentia-se cada vez mais desgarrado, mais estrangeiro, mais perdido à hora do almoço no pátio de St Olave Jewry, sentado num banco, atafulhado de guardanapos e revistas, evitando sujar-se com os express kebabs e as fried chickens do kentucky. Um mergulho numa praia colonial francesa.
Falavam de sangrias e bayucas, diziam-se gracinhas ("a tua cama é uma teia", "onde ficarás sozinho esta noite"); e chegavam a lugares lúgubres, cheios de gente, música soturna e explicações condescendentes.
-Então?! Combinamos às seis no Alba?
-Está bem, posso é chegar cinco minutos atrasado...
-Então seis e um quarto?
Lucinda tinha triunfado e despachou o telefonema com "sharp"ness, coroando a questão da saída e evitando os aracnídeos (era certo que, se o deixasse falar mais uns minutos, começaria com histórias pestilentas de aranhas e insectos).
Shamrock desapertou o garrote, convinha que alguma coisa chegasse ao cérebro, e regressou à secretária seguro que, enrolando o fio do novelo de Theseus, encontraria o seu lugar ainda vago. Além do trabalho a meio, tinha de telefonar para apostar nos greyhounds - atravessou a sala e os colegas exibindo um esgar de aborrecimento de duplo sentido: a superfície envernizada "isto das fotocópias é uma chatice, pura perda de tempo" dissimulava o interior crispado "porque é que as agência de apostas fecham tão cedo?". O site da corretora dava-lhe azar e não gostava de ter o número do cartão de crédito a girar pela world wide web. Tinha quase a certeza que as corridas seriam em Mildenhall; se estivesse bom tempo na sexta-feira ainda se metia pela A11 para ver os galgos. Mas o importante já estava definido: uma reverse forecast, apostando no Ghostdog e no Darts of Pleasure; eventualmente arriscaria uma trifecta se o His Master's Voice corresse. O StrawDogz, apesar de ter ganho a Birmingham Cup e a corrida de Sunderland, estava em baixo de forma.
Falavam de sangrias e bayucas, diziam-se gracinhas ("a tua cama é uma teia", "onde ficarás sozinho esta noite"); e chegavam a lugares lúgubres, cheios de gente, música soturna e explicações condescendentes.
-Então?! Combinamos às seis no Alba?
-Está bem, posso é chegar cinco minutos atrasado...
-Então seis e um quarto?
Lucinda tinha triunfado e despachou o telefonema com "sharp"ness, coroando a questão da saída e evitando os aracnídeos (era certo que, se o deixasse falar mais uns minutos, começaria com histórias pestilentas de aranhas e insectos).
Shamrock desapertou o garrote, convinha que alguma coisa chegasse ao cérebro, e regressou à secretária seguro que, enrolando o fio do novelo de Theseus, encontraria o seu lugar ainda vago. Além do trabalho a meio, tinha de telefonar para apostar nos greyhounds - atravessou a sala e os colegas exibindo um esgar de aborrecimento de duplo sentido: a superfície envernizada "isto das fotocópias é uma chatice, pura perda de tempo" dissimulava o interior crispado "porque é que as agência de apostas fecham tão cedo?". O site da corretora dava-lhe azar e não gostava de ter o número do cartão de crédito a girar pela world wide web. Tinha quase a certeza que as corridas seriam em Mildenhall; se estivesse bom tempo na sexta-feira ainda se metia pela A11 para ver os galgos. Mas o importante já estava definido: uma reverse forecast, apostando no Ghostdog e no Darts of Pleasure; eventualmente arriscaria uma trifecta se o His Master's Voice corresse. O StrawDogz, apesar de ter ganho a Birmingham Cup e a corrida de Sunderland, estava em baixo de forma.